JUNHO
Junho abre a porta
para que a tarde entre
com sua longa sombra
e o inverno se anuncie
como se para sempre
Junho deixa a janela
a lua branca mais bela
prêmio aos que espiam o frio
que no forte do seu cio
já assopra nos caminhos
Se por acaso chove
e luz ou lua não há
pensa que a poesia existe
para te consolar
te deixar menos triste
até para te mentir
e te dizer que junho
ou qualquer mês
é o que na alma sentir
POESIA - O MÊS DE JUNHO
O mês de junho é um mês- paixão
Não sei se é o calor da fogueira
Não sei se é o xote, o coco, o xaxado, o forró, o baião
Não sei se é a chuva fina que pede abraço e dengo
Ou se é o dia dos namorados que espalha romance no vento
Ou é o arrasta-pé, coladinho, roçando, no salão
Não sei se a gente lembra que ser casal é arretado
Ou é tudo influência da propaganda da televisão
Mas sei que quem tem xodó fica muito mais apaixonado
E quem não tem quer um amor para fazer um casamento matuto
lá dentro do coração
“Vivam os noivos!”, “Olha pro céu, meu amor... foi numa noite igual a essa que junho entrou para sempre em meu coração...”
Mauricio Gomes
Junho
Vinicius de Moraes

Soneto ao Inverno
Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:
Quem és, que transfiguras as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?
Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma do céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!
Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?
Inverno, doce inverno das manhãs
Translúcidas, tardias e distantes
Propício ao sentimento das irmãs
E ao mistério da carne das amantes:
Quem és, que transfiguras as maçãs
Em iluminações dessemelhantes
E enlouqueces as rosas temporãs
Rosa-dos-ventos, rosa dos instantes?
Por que ruflaste as tremulantes asas
Alma do céu? o amor das coisas várias
Fez-te migrar - inverno sobre casas!
Anjo tutelar das luminárias
Preservador de santas e de estrelas...
Que importa a noite lúgubre escondê-las?
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